Fui até junto ao mar

Fui até junto ao mar

Só para ficar mais perto

Folhas e tintas debaixo do braço

Desenhar o sentimento

Não apenas a paisagem

Olhar para o horizonte

Imaginar o teu olhar

Visualizar o teu sorriso

Dedos dos pés na areia molhada

A brisa marítima que me invade

Cavalete pronto

Pincel na mão

E são feitos os primeiros traços

De forma inocente

Dou asas ao sonho

Dou asas à imaginação

Vejo-te aqui

Juntinho  a mim 

Palhinha na cabeça

Os cabelos a esvoaçar

Estamos junto ao mar

Um mar que nos une

E ao mesmo tempo separa

Junto mais cor

Com uma pitada de amor

E aos poucos o desenho completa-se

Emerges do mar

Um sonho real

Sinto-te aqui

És tu que me fazes mover

És tu que me fazes viver

Carlos Santana

Um carrossel na vida

Um carrossel na vida

Ou a vida num carrossel

Cada um o vê à sua maneira

Mas uma coisa tem que acontecer

O sorriso tem que aparecer

É a diversão da vida

Em que a música aparece

Nos preenche

E nós seguimos na festa

Rodas e rodas

Talvez as rodas que a vida dá

Rodas ou voltas

Voltas de alegria

Que nos deixam tontos

Fechamos os olhos 

E o mundo gira

É uma sensação cá dentro

Que não dá para explicar

Tranquilidade

Felicidade

E continuamos a girar

Nada nos afeta

Não importa o que pensam de nós

Eternas crianças

Que brincam

Que correm

Que fazem o que querem

Na mais completa inocência

E assim somos felizes

Apenas nas voltas que um carrossel dá

Que faz com que o mundo dê voltas à nossa volta

Carlos Santana

E porque não?

E porque não?

Só porque posso

Só porque quero

Pensem o que quiserem

A mim não me afeta

Faço o que me faz feliz

O que me torna numa pessoa melhor

Não devo nada a ninguém

Por isso deixem-me

Deixem-me rir

Deixem-se saltar

Deixem-me correr

Gritar se me apetecer

Mas agora corro

Corro mar adentro

Quero mergulhar

Refrescar ideias

Um banho de alma

Só porque posso

Só porque quero

E ninguém tem nada com isso

Sou feliz

Alegria imensa

Viver pelo prazer de viver

Porque ninguém nasce para agradar

A não ser a nós mesmos

Porque somos nós que nos temos que aturar

Vinte e quatro horas por dia

Imaginem se ainda tivéssemos que agradar aos outros

Não havia horas suficientes para tanta gente

Por isso viver a vida

Cada um a sua

Pelo prazer de ser feliz

Carlos Santana

Nú

Nú

Vestido

Seco

Molhado

Homem 

Mulher

Cabelo curto ou longo

Aqui ou ali

Pode ser de noite ou de dia

Não importa se gordo ou magro

A diferença está no olhar

Ou até mesmo a indiferença

Não tem como enganar

Basta prestar atenção

E por mais palavras 

Que sejam ditas ou escritas

É numa capacidade de prestar atenção

Que vamos realmente ver

Que vamos realmente sentir

Posso sorrir com os lábios

Enquanto os meus olhos choram

Posso ter a expressão triste

Mas o olhar entrega a alegria que sinto

Dizem que é o espelho da alma

Mas são muito mais que isso

São tudo

São o todo

Que iluminam uma vida

Porque num olhar tudo vemos

Num olhar tudo sentimos

Carlos Santana

Bestas...

Bestas...

É o que para aí há mais

Todas elas soltas

Todas elas ocultas

Ou então com o mais belo disfarce

Prontas a apontar o dedo

A destilar veneno

Bestas...

De todas as formas e feitios

De quatro

Ou em duas patas

Andam por aí

Afiam as garras

Salivando com o mal praticado

Dando urros por cada dúvida lançada

Apenas bestas...

E contra elas muita persistência

Calma

Tempo

Porque o tempo mostra-nos tudo

Quem sim

Quem não 

Quem nunca

Unicamente bestas

Que querem fazer de nós animais

Isolados

Abandonados

Cambaleando por uma qualquer viela

Mas elas são só isso

Bestas...

Que nunca nada levarão de vencida

Porque não têm arte nem saber

São simplesmente... bestas...

Carlos Santana

Sonho bom

Sonho bom

É aquele em que nos deitamos

E ficamos a olhar as estrelas

Onde pequenos pontos de luz brilham

Fechamos os olhos

E damos asas à imaginação

Deixamo-nos levar

Embalados

Acarinhados

Por um anjo bom

Com coração de oiro

Uma viagem sem igual

Onde tudo fazemos

Onde tudo podemos

Porque somos capazes

Acreditamos em nós

Podemos abrir os olhos

Acordar

Lembrar o sonho

E torná-lo realidade

Por mais difícil que seja

Temos que lutar

Temos que acreditar

E o que pareciam ser ervas

Quando cuidadas e regadas

Transformam-se nas mais belas flores

Assim são os sonhos

Assim é a vida

Que tem prazer

Quando sonhamos a vida

E vivemos os sonhos

Carlos Santana

Fecha os olhos

Fecha os olhos

Deixa-te levar

Por tudo o que te rodeia

Deixa que a paz te invada

Te faça flutuar

Tranquilidade no ar

A confiança no andar

Trajes simples

Que se misturam com a natureza

Na mente a calma

A certeza de que alguém se importa

De que alguém te quer muito

Que sempre te vai apoiar

E que mesmo no meio de nada

Estará lá

Para te dar a mão

Para te mostrar o caminho

Ou pelo menos uma possível alternativa

Porque a dois 

As coisas são mais simples

Menos complicadas

Respira fundo

Deixa que a natureza te invada

Que tudo o que é de bom

Entre dentro de ti

Uma forma de te deliciares

De saberes que és capaz de tudo

Que tu mesmo simples

És inteira

Que mesmo simples

Não desistes

Carlos Santana

Girassol

Girassol

E és mesmo

Gira como o sol

Necessária como o sol

Grande como o sol

Majestosa como o sol

E és minha

Não no sentido de posse

Mas de estares aqui

Ao meu lado

Que num campo imenso de girassois

Tu brilhas para mim

Fui eu que escolheste

Para aquecer os meus dias

Para lhes trazer cores 

E muitos sabores

Significados e sentimentos aos montes

Chapéu na cabeça 

Sorriso nos lábios

Fazes da simplicidade a tua bandeira

Até as aves para ti cantam

És mesmo gira

De uma força imensa

Com uma luz intensa

Que a muitos ofusca

Basta seres tu

Para teres encantos mil

Que apenas se revelam

A quem sabe olhar

Por isso gira

Gira como o sol

Meu lindo girassol

Carlos Santana

Andava eu por aí

Andava eu por aí

A ver o que encontrava

Com a minha fiel luneta

Sempre minha companheira

E quanto mais olhava

Mais via

Mais curiosidade tinha

Fixava a vista junto a costa

Para ver barcos e barquinhos

Embarcações grandes

Outras nem por isso

A ver conchas gigantes

Embrulhadas nas ondas

Acostadas na areia

Até que um dia

Por mero acaso e curiosidade

Apontei bem longe

Para o outro lado do mar

Para o outro lado do oceano

Para o outro lado do mundo

E por felicidade

Parei o olhar em ti

Soube então o meu destino

Com quem queria estar

Fiz as malas e parti

Para fazer o meu ninho

Para encontrar a alegria

Encontrar alguém que por mim luta

Sem medos

Sem parar

Sem receio de dizer o que sente

Hoje somos felizes

Carlos Santana

E ao raiar da bela aurora

E ao raiar da bela aurora

Altura em que as aves despertam

Em que entoam belas canções

Damos por nós encantados

A olhar para o horizonte

E ver a beleza em todo o seu esplendor

Um novo dia que começa

Uma nova oportunidade

De sermos ainda mais felizes

De continuar a regar a nossa relação

De cimentar bases

Confiança que aumenta

Dar tudo por tudo

Para que tudo aconteça

Que nunca fique nada por dizer

Nada por fazer

É o hoje que temos que viver

Com intensidade

Estamos vivos

Temos que fazer valer a pena

Cada segundo conta

Tornar eternos os nossos momentos

Recordações guardadas para sempre

A nossa fonte de alegria

O que nos move

São sorrisos guardados

Que nos alimentam

Que nos enchem de força

Que nos fazem acordar

Que nos fazem viver

Carlos Santana

Pode parecer ermo

Pode parecer ermo

Pode parecer sozinho

Mas está lá

Pronto para tudo

Sempre que necessário

A sua luz a brilhar nas noites escuras

Ou a sua sirene 

Se o nevoeiro for cerrado

Todos sabem onde ele está

Todos agradecem a sua presença

Um farol que tudo suporta

Assim quero eu ser para ti

A luz que te guia

A palavra que te acalma

Seja nas noites frias de inverno

Ou nas noites amenas de verão

Quero estar ao teu lado

Quero que saibas que sempre aqui estarei

Faça chuva 

Faça sol

Não arredo pé

Sou teimoso

Enfrento as tempestades

Tento dar-lhes a  volta

Acalmá-las

Mas acima de tudo

Não largo a mão

Aperta com força

E vamos chegar muito mais além

Vamos chegar à eternidade

Carlos Santana

Escolhas

Escolhas

São tudo o que tenho

Tudo o que me trouxe até aqui

Até ao dia de hoje

Decisões tomadas

Que fizeram de mim o homem que sou

Bem ou mal

Bom ou mau

Estou aqui

Vivo

Atento

Pronto para tudo

A vida é um desafio

E temos que o aceitar

Correr riscos

Tomar decisões

Que podem mudar-nos para sempre

Mas que faz o sangue correr

Aquele frio na espinha

Que quando fazemos uma curva

Depressa demais sentimos a percorrer o corpo

É que isso que nos faz sentir vivos

O risco controlado

Que às vezes se descontrola

Mas é isso que nos mantém vivos

Que a mim me fez chegar até aqui

E que quando paramos um pouco para descansar

Nos faz fez que tudo valeu a pena

Que tudo vale a pena

Temos apenas que descontrair

E apreciar a viagem

Viver a vida

Porque ninguém a vive por nós

Carlos Santana

Catavento

Catavento

Moinho de vento

Cabeça de vento

Somos o que vemos

Somos o que sentimos 

Somos o que somos

E agora aqui sentado

A olhar para o horizonte

Vejo um eclipse

Mil e uma coisas 

Que me passam na cabeça

Que me fazem rodopiar 

A junção do sol e da lua

Como se fossem homem e mulher

Coisa tão bela

Que nos enche de tudo

Nos esvazia de nadas

Apenas suspiramos

Apenas olhamos

Sou moinho de vento

Por onde tudo passa

Onde tudo sopra

Que dá água

Que dá energia

Que ampara 

E até mesmo auxilia

Mas sabe bem

Faz-nos sentir úteis

Agora descanso

Repouso merecido

Repouso aguardado

Apenas vejo o eclipse

Carlos Santana

O teu olhar

O teu olhar

Esse olhar tão simples

E ao mesmo tempo tão complexo

Tem guardado o segredo do universo

Que a cada dia que passa

Vais revelando um pouco

Mas só para quem te sabe ler

Para quem sabe escutar-te

Não falas por gestos

Nem tão pouco por palavras

São sons

São melodias

São sentimentos

Que só quem abre o coração

Consegue escutar

São conversas de almas

Que não são audíveis por quem quer

Apenas por quem merece

Porque é preciso parar

Dar atenção

E entender

Só assim se consegue perceber

O que vai dentro desse olhar

Para escutar a melodia

Que tão suavemente te rodeia

Uma melodia de sentimentos

Música para a alma

Que calmamente repousa 

E escuta tudo quanto tens para lhe dizer

E foi assim que me encontrei

Nesse teu simples olhar

Carlos Santana

Em paz

Em paz

É o que acontece, é o que sempre acontece 

Quando estou nos teus braços

Um sensação libertadora

O teu perfume que me invade

Cafuné na cabeça

Sentir o teu peito no meu

Dois corações que batem

Como se fossem um só

Enrolados nos lençóis

Como se fosse o nosso oceano

Navegamos estas ondas

Sejam elas revoltas

Ou em momentos de calmaria

Mas nos teus braços

Encontro tudo

Aquele sorriso que nasce

Que se transforma em riso

Quando começamos a brincar

A fazer cócegas

Disparates que só nós percebemos

Que só nós gostamos

Porque é isso o bom de te ter

Tudo é bom de fazer

De realizar

De sentir

E no meio de tudo isto

Adormecemos

Embarcamos no mundo dos sonhos

Para continuarmos juntos

Para amarmos

Mesmo enquanto repousamos

Carlos Santana

Mais uma manhã

Mais uma manhã

Mais uma semana

Mais um café

Olhar em frente

Pensativo

Planear

Sorrir

Fazer

Porque são precisos gestos

São precisos actos

É preciso dar um passo em frente

Lutar pelo que queremos

Comer algo

Alimentar o corpo

Para ter força

Para ter vontade

Para nunca parar

Corpo e alma alimentados

Mais um gole

Mais uma garfada

E estamos prontos

Venha o que vier

Nós aguentamos 

Prontos para tudo

Com ânimo

A vida é linda

Deliciosa de viver

Tudo depende de nós

De como a encaramos

De como a enfrentamos

De como a vivemos

Carlos Santana