quarta-feira, 23 de março de 2022

Anjos...




Anjos...
Andam mesmo entre nós
A maior parte das vezes
Nem sabemos que estão ali
Tão perto
Mesmo ao nosso lado
Que até a sua respiração sentimos
Um anjo que nos toca
Que nos ensina
Que nos dá de comer
Que também nos educa
Que nos grita
Que nos corrige
Anjo é aquele que nos levanta
Que está lá quando precisamos
Não é um ser imaginário
Nem religioso
É de carne e osso
Com uma vida como a nossa
E que tira um pouco do seu tempo
Para nos dar atenção
Eu tive um anjo desses
Que andou comigo 
Que ajudou a criar-me
E ao longo de 45 anos
Chamei-lhe madrinha
Deixou-me com 100 anos
Já homem feito
Já crescido e criado
O meu muito obrigado 
Por teres ajudado a fazer quem sou hoje
Descansa em paz Amélia

Carlos Santana 


 

sexta-feira, 4 de março de 2022

Mergulho





Mergulho
Em terra 
No ar
No mar
Não importa
Mergulho de pés
Mergulho de cabeça
Sem medo
Apenas vou
No meio de tudo
No meio de nada
Contra tudo 
Contra nada
Não páro
Nado
Recupero
Resisto
Mais um pouco
Mais um esforço
Que bem que sabe
A vida que corre nas veias
Que não nos deixa parar
Que não nos deixa afundar
Tentamos
Mais um pouco
Mais uma hora
Mais um dia
Conseguimos
Chegamos a terra
Cansados, reconfortados, vivos...

Carlos Santana 


 

quarta-feira, 2 de março de 2022

Lágrima





Lágrima
Que escorre 
Que salta
Pelos que tombam
Pelos inocentes
Pelos que são apanhados de surpresa
Numa guerra que não é deles
Que não a queriam para si
A culpa não é deste
Não é daquele
É de todos
Não há bons nesta história
Chorem agora
Mas metam a mão na consciência
Pensem antes de apontar o dedo
Se não sabem do que falam
Mais vale estarem calados
Dizem que o silêncio é de ouro
Aproveitem
Enriqueçam
Para os que acreditam, rezem
Para que isto acabe
Para que não escale
A melhor maneira de apagar um fogo
É deixar de alimentá-lo
Que as lágrimas que escorrem
Não sejam de crocodilo
Que sirvam para apagar esta fogueira
Uma fogueira de interesses
Uma fogueira de vaidades

Carlos Santana 


 

terça-feira, 1 de março de 2022

Anoitece





Anoitece
O sol deixa um último adeus
Um resto de luz
Que me permite ver
Algo que gosto
Mais um olhar para o mar
Que desperta uma série de sentimentos
Entre eles
Aquela sensação de tranquilidade
Aquele som que nos embala
Que nos acalma
Que nos deixa em paz
Ficar ali sentado
Pensar em tudo 
Pensar em nada
Por vezes até sem pensar
Apenas estar
Mas como sou um sonhador
Os pensamentos nascem
Brotam em catadupa
Sem limites
Deixo-me levar pela imaginação
Por tudo o que de bom ela me dá
Divago ao som do mar
Navego novas ideias
Como ondas do mar
Que chegam uma depois da outra
E é ao cair da noite
Que a nossa luz brilha
E um sorriso se acende

Carlos Santana