quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

Porque as coisas não são fáceis





Porque as coisas não são fáceis
Se não plantarmos 
Não cresce
Se não regarmos 
Não cresce
Se não cuidarmos
Não cresce
Podemos estar à beira da água
Mas se não a canalizarmos
Ela não sai do sítio
Pode evaporar
Ou simplesmente 
Corre em direcção ao mar
Nada nos cai no colo
Temos que lutar
Mostrar interesse
Aprender
Adaptar
Inovar
Sentir
São muitas as dificuldades
A indiferença a maior delas
O deixa andar também não ajuda
Por isso o segredo é só um
Mudar de atitude
Encher o peito
E gritar o que se quer
Voltar a plantar e cuidar
Para que floresça mais forte que nunca
Só porque sim
Só porque se pode

Carlos Santana

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

Há mais marés que marinheiros





Há mais marés que marinheiros
E prova disso
É o barco no cais
Sem ninguém
Ao sabor das ondas
No seu porto seguro
A ver mais um pôr do sol
Sem que ninguém o cuide
Sem que dele ninguém precise
Aquele suave embalo
Que recorda pescarias passadas
Que anseia por novas aventuras
Sair à descoberta
Á força de braços
Que peguem nos remos
Que o façam andar
Marinheiros de antigamente
Que enfrentavam as marés
Sem receios
Sem medos
Muitas vezes uma vida a dois
O barco e seu tripulante
Só precisavam um do outro
Mas por falta de vontade
Por falta de querer
Ou por deixar de ser preciso
O velho barco fica agora no cais
Para ser visto por olhos que não vêm
Comentado por bocas que não falam
Apenas ao sabor das marés

Carlos Santana

terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

Vamos





Vamos
Está na hora
Mais uma voltinha
Para todo o lado
Para lado nenhum
Bagagem ligeira
Dobrar e andar
Enrolar punho e partir
O vento na cara
O ronco da mota no ouvido
Vamos sem destino
Até onde o depósito nos levar
Parar
Atestar
Continuar
Por estradas sem nome
Onde ninguém passa
Que ninguém conhece
As folhas que se espalham
Que esvoaçam à nossa passagem
São sentimentos soltos
Que vão assentando
Paramos um pouco
Esticar as pernas
Apreciar o momento
Aquela altura em que abrimos o casaco
Tiramos o capacete
E estamos de novo prontos a ouvir tudo
Fechar os olhos
Respirar fundo
Sentir o sol no rosto
Aquela descarga de adrenalina
Que nos liberta de tudo
Que nos faz querer muito mais

Carlos Santana

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

Escutem





Escutem
Que silêncio tão lindo
Tão profundo
Que nos leva com ele
Até ao fundo
Que nos faz pensar
Reflectir
Ver o que fizemos certo
Onde errámos
O que podemos fazer de diferente
Basta fechar os olhos 
Sentir
De arco na mão
Estamos prontos para as primeiras notas
Para os primeiros acordes
Fazer o violoncelo gemer
Pela força do que sentimos
Melodia melancólica
Daquela que nos bate cá dentro da alma
Em que cada nota é um momento
Uma recordação
Que nos transporta para para lá
Para aquele passado em que tudo foi vivido
Que faz nascer um sorriso
Ou deixa escapar uma lágrima
Onde tudo nos faz viver
Ontem 
Hoje
Agora
Amanhã
Com mais força
Mais garra
Mais atentos à música que toca

Carlos Santana

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

O caminho está traçado





O caminho está traçado
Que não me faltem as forças
Esquerda direita
Direita esquerda
Mas sempre
Sempre em frente
Escolhas que se fazem
Opções que se tomam
Como quem toma um copo de água
Pronto para o caminho
Para enfrentar o escuro
Um túnel que se abre
Só resta entrar
Mesmo às apalpadelas
Procurar a luz
Se é que ela existe
Mas não desistir
Isso está fora de questão
A vida não pára
Escorre por entre os dedos
Como areia
Como o sangue que corre dentro de nós
As cicatrizes que nos marcam
Que dizem quem somos
O que seremos
Somos fortes
Guerreiros incansáveis
Somos Dom Quixote
Vencendo os moinhos da vida
Mas não paramos
Seguimos
Vivemos
Amamos

Carlos Santana

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

Um nó junto à garganta





Um nó junto à garganta
Um nó na garganta
Um de correr
Outro que só aperta
Aos olhos de todos
Ou só nosso
Para nós sentirmos
Aguentarmos
Sem dizer palavra
Enquanto um se faz em frente ao espelho
O outro nasce não se sabe de onde
Nem porquê 
Mas está ali
Oculto
Disfarçado
Permanentemente
Aperta a cada golfada de ar
O que faz com que tudo fique turvo
Mais vale o nó de correr
Aquele que desfazemos quando queremos
Passamos o dedo
Puxamos
E ele alivía
Enquanto o outro
Por mais que esgadanhemos a pele
Mais se contrai
Mais apertado fica
Menos ar temos
Mais depressa embarcamos
Para um mundo de sonho
Para um mundo mais além

Carlos Santana

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019

Por vezes





Por vezes
Mas só por vezes
Este mundo onde vivemos
Parece muito feio
Muito frio
Muito vazio
Cheio de sombras
De medos
Sustos
Um mundo onde muito se pede
E pouco se dá
Onde impera a tristeza
A angustia
A saudade
Vemos olhares que não vêm
Ouvimos vozes que não falam
Temos a ausência de cor
Onde não existe calor
Talvez um pouco de dor
São vielas escuras
Neste mundo estranho
Um mundo que não pára
Que dá voltas e mais voltas
Ficamos tontos de tanto rodopiar
Roupas rasgadas de tanto cair
É difícil acordar num mundo assim
Mas é a única maneira de aprender
De um dia poder vir a ser forte
E para o tornar melhor
Tudo depende de cada um de nós
E do que estamos dispostos a fazer 

Carlos Santana

domingo, 17 de fevereiro de 2019

São tantas as curvas da vida





São tantas as curvas da vida
Mais ainda as contracurvas
Não basta andar a direito
O que é preciso é não parar
Apreciar esta vida
Só a temos a ela
Nada de escrever ou desenhar a lápis
É para fazer com traço firme 
Sem borracha
Andar para a frente
Cabeça erguida
Olhos no horizonte
Na nossa meta
Um destino de cada vez
Hoje cheguei ao topo
Já tive o que quis
O que podia ter tido
Olho para trás
E delicio-me com a paisagem
Com o que passei
Com o que viajei
Não foi fácil
Mas não desisti
Estou agora aqui
Respiro fundo
Fecho os olhos
Agradeço
Uma viagem  intensa
Maravilhosa
Que agora aprecio
Com eterno carinho
Com profundo sentimento

Carlos Santana

sábado, 16 de fevereiro de 2019

Chama no olhar





Chama no olhar
Daquela que não apaga
De quem está bem com a vida
Uma chama eterna
Que mesmo depois de fechar os olhos
Vai continuar a arder
Porque esta não é minha nem tua
É a chama eterna
De quem acredita
De quem luta
De quem faz por a merecer
Uma chama que conquistei
Que fiz por merecer
E que faço por honrar
Dá força no desespero
Dá luz na escuridão
Esta é minha
Só minha
Mas que um dia irei deixar
Para que mais alguém a aproveite
Mas hoje os meus olhos brilham
Muito mais que um farol
Porque eu estou aqui
Estou vivo
Estou de pé
Pronto para o que der e vir
Não desisto
Olhos abertos
Deixar o calor desta chama
Aquecer tudo o que me cerca
Para o bem e para o mal, eu estou aqui
De chama no olhar

Carlos Santana

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

Dia de S. Valentim





Dia de S. Valentim
Dia dos namorados
Ou será que é de quem se quer bem
De quem está junto
Uma data para lembrar
Aquilo que devemos ser todos os dias
Porque todos os dias
São dias de namoro
De carinho
De respeito
Não é num dia
Que se apaga o que não se fez durante um ano
Hoje é apenas o celebrar do que foi feito
Das lutas diárias
Das palavras ditas
De uma flor que é dada sem motivo
Aquele sorriso que nasce 
Por entre as lágrimas que caem
A preocupação que existe quando não se está bem
As relações só duram
Se todos os dias namorarmos
Dermos importância a quem está junto
Temos que mandar uma carta
Dar um doce
Lavar a loiça
Fazer a diferença
Sermos diferentes
Para que a nossa falta seja sentida
Para que para o ano se volte a festejar
Feliz dia dos namorados

Carlos Santana



quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

Tantos anos





Tantos anos
Tantos trabalhos
Tanta entrega
Tantos cortes
São mãos sofridas
De quem aprende
De quem sofre
De quem vive
Mãos cansadas
De lutas eternas
De estarem estendidas
De apertarem com força
Mãos queimadas do sol
Do tabaco
Dos murros na mesa
São mãos que não param
Que escrevem
Que se juntam numa prece
Que batem palmas
Que dizem adeus
Que chamam para perto
Que fazem um carinho
São mãos ásperas
E ao mesmo tempo suaves
São daquelas que dão tudo
Que não tiram nada
São mãos com caracter
Que fazem o que prometem
São daquelas que não desaparecem
E que ajudam sempre a levantar
São mãos do antigamente
Que estão aqui hoje

Carlos Santana

terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

A vida dá tantas voltas








A vida dá tantas voltas
E por mais voltas que ela dê
Nunca estamos preparados para nada
Basta olhar para os mares
Com toda a sua imensidão
Tanto ainda por descobrir
Até o sol quando se põe
A imagem que fica é sempre diferente
Somos feitos de carne
E é assim que temos que viver
Para poder saborear tudo o que ela nos dá
Seja bom ou seja mau
Tudo vem para ensinar
Para nos abrir os olhos
Para pensar de maneira diferente
Mas para nunca sermos diferentes
Somos o que somos
E é assim que temos que ser
Uma luta constante
Temos que ser malabaristas
Equilibristas
E outros istas mais
Mas nunca perder a nossa essência
Aquilo tão único
Que nos faz tão especiais
Tão diferentes dos outros
POdemos até viver de maneira igual
Mas sentimos de maneiras muito diferentes
E é isso que temos que mostrar
Sem vergonhas
Sem medos
Apenas abrir os braços e gritar
Aqui me vêm, aqui me têm

Carlos Santana

domingo, 10 de fevereiro de 2019

Olhar perdido





Olhar perdido
Olhar vazio
É um olhar sem ver
Sem esperar
Sem nada fazer
Estou como o tempo
Á espera de dias melhores
Daqueles dias de sol
Sem nuvens
Céu azul
Sem chuva
Sem neblina
Onde a vontade nasce
E não nos entregamos ao desalento
São dias como este
Onde tudo à nossa volta ganha vida
E nós ali parados
Olhar no horizonte
Olhar sem vida
Sem esperança
Sem nada
Olhos abertos
Para saber que estamos acordados
Que alguma coisa se passa
Não sabemos bem o quê
Apenas sombras
Vultos
Fantasmas do passado
Há dias assim
Em que existimos sem existir
Apenas para duvidar da própria existência

Carlos Santana

sábado, 9 de fevereiro de 2019

Dizem para estar pronto





Dizem para estar pronto
Mas pronto para quê?
Para o que possa acontecer?
Vamos viver com medo
Sem arriscar
Vamos perder o que nos faz bem
Vamos estar preparados para uma guerra mundial
Para a doença que pode não acontecer
Para o acidente que pode não existir
Vamos viver com cuidado
Com tanto cuidado que não vamos viver
Vamos ver a vida passar
E os outros a viver
E nós vamos estar prontos
Sem fazer nada
Mas esse é um conceito errado
A prontidão está no mergulho de cabeça
Mesmo sem saber se lá em baixo tem água
Andar na corda bamba
E sem nenhum tipo de rede
É dar um salto no vazio
E ganhar asas
Isso é estar pronto
É olhar de frente a estrada vazia
E começar a caminhada
Nasci sózinho
E na morte vou estar sózinho
Aí vou ter tempo para estar pronto
Mas entre estes dois momentos
Eu quero é sentir o sangue a correr dentro de mim
Quero criar recordações
Momentos sem fim
E pronto ou não
Aqui estou eu
A viver a vida
Com tudo aquilo que ela tem para me dar
Sem medo de arriscar
Sem medo de ser feliz

Carlos Santana

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019

No meio do nada





No meio do nada
No meio da natureza
Sinto a vida
Vivo a vida
O verde imenso
A água que corre
Todos os perfumes
Todas as cores
Que me invadem a vista
Que me invadem o ser
Dão-me paz
Dão-me calma
Dão-me tempo
Aquele tempo para pensar
Pensar em tudo
Ou em simplesmente nada
Mas descansado
Ficar ali a olhar o infinito
Porque infinito é o que sinto
Não sei sentir pouco
É entrega total
E neste espírito de liberdade
Quero tudo
Sou dono de mim 
Dono do mundo
Um mundo meu
Onde tudo é perfeito
Porque é assim que o vejo
E é assim que cada um devia ver 
Porque a vida é o que nós fazemos dela
As nossas escolhas
As nossas experiências
Então que seja assim
Verde esperança

Carlos Santana

terça-feira, 5 de fevereiro de 2019

Calmaria





Calmaria
Deixa-te estar
Aproveita tudo
As águas calmas
Que refrescam o teu ser
Um novo dia que nasce
Em que podes voltar a fazer tudo
De maneira igual
De maneira diferente
Da maneira que queres
Mas acima de tudo
Da maneira que te faz feliz
Ou que pelo menos te guie nesse caminho
Um véu sobre o corpo
Como um manto sagrado
Que te dá força
Que te protege do calor
Do frio
Até do mau olhado
É a tua capa mágica
Que te faz sonhar
Que te faz acreditar
Porque a verdade é só uma
Se acreditarmos
Se lutarmos
Tudo conseguimos
Somos o sol e a lua
Somos luz
Somos contrastes
Somos amor

Carlos Santana

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019

Anda daí





Anda daí
Não quero que te constipes
Não quero que adoeças
Sobe nos meus pés 
Vamos dançar
Deixa que te guie
Pelas pistas da vida
Pé ante pé
Levantamos voo
Ao som de mais uma melodia
Uma que nos encanta
Que nos faz sonhar
Como naquela noite no jardim
Em que dançámos ao som de salsa
Bem ou mal
Lá estávamos nós
Agarrados
De mãos dadas
Rindo que nem uns perdidos
Embalados
Levados
Amados
E tudo ao som da música
Daquela que se fazia ouvir
Tocada pela banda
Num ritmo frenético 
Que nos embalava até à alma
Por isso vem
Sobe nos meus pés
Vamos viajar
Vamos amar

Carlos Santana

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

Menina mulher





Menina mulher
Mulher teimosa
Menina linda
Deixa a chuva inundar-te
Lavar-te
Levar o que teima em assustar-te
Saia da varanda
Guarda a sombrinha
Dança na chuva
Chora 
Depois sorri
A vida é tão frágil
Tão fugaz
Não vale a pena vê-la passar
Tens que te envolver
Tens que ter um lindo caso de amor com ela
Porque tudo depende de uma atitude
Aquela atitude que teimamos em protelar
Mesmo que um dia a cara fique partida em mil pedaços
Não nos devemos proteger assim tanto
É abrir os braços
Sentir a água a bater no rosto
Fechar os olhos
Um sorriso de orelha a orelha
Abrir os braços
Rodopiar
Cantar alto
Rir até não poder mais
Apenas ser feliz
Apenas amar a vida
E tudo o que ela nos dá

Carlos Santana