domingo, 30 de setembro de 2018

Hoje é um daqueles dias





Hoje é um daqueles dias
Em que a dureza impera
Que o que temos de pior 
Vem ao de cima 
Sai da frente
Não te atravesses
Nem tão pouco me faças perder tempo
Cigarro na boca
Aquelas baforadas que vão até à alma
Arma em punho
E se visses os meus olhos
Estariam raiados de sangue
Há dias assim
Em que nada parece correr bem
Que a vontade é mandar tudo à merda
Sim leram bem
Não foi erro
erro é deixarmos de ser nós
De não abrirmos os olhos
Mas é só hoje
Amanhã um novo dia
Com mais calma
Mais racional
Mas hoje
Hoje sou bandido
Não me toquem
Nem me digam nada
Levo tudo à frente
Uma espécie de cilindro
Não vejo nada  
Não sinto nada
Porque hoje
Hoje é um daqueles dias

Carlos Santana




sábado, 29 de setembro de 2018

Silêncio





Silêncio
Uma tarde solitária
Mais uma entre tantas
Nada para fazer
Nada para dizer
Apenas o pensamento
Como companhia
Como companheiro 
Como ausência de mim
Falo com ele
Palavras surdas
Que só eu percebo
Respondo a mim mesmo
Perguntas
Respostas 
Dúvidas
Tudo ao mesmo tempo
Dou em louco
Perguntas sem respostas
Respostas sem perguntas
Olhos abertos
Bem abertos
Atento a tudo
Atendo a nada
Apenas balouçando 
Entre o sonho e a realidade
Navegando entre as sombras
Jogos de luz
Contrastes
Verdades 
Mentiras
Tudo e nada
Apenas silêncio

Carlos Santana

sexta-feira, 28 de setembro de 2018

E num mundo gigante





E num mundo gigante
Com tanta coisa para ver
Com tanta coisa para fazer
Nós somos insignificantes
Pequeninos
A querer viver à grande
A querer viver o que não temos
Completa perda de tempo
Quando o que temos
É tudo o que precisamos
Felicidade
Paz
Tranquilidade
Bem estar
Respeito
Uma palavra amiga
Amor
Não se compram
São conquistados
São merecidos
São o que nos faz falta
Tudo o que precisamos
Para conquistar este mundo
Que se quer vivido 
Que se quer nosso
Um mundo cheio de cores
Cheio de sabores
Cheio de amores
Cheio de nós
Para vivermos a nossa vida
Para enchermos o nosso mundo

Carlos Santana

quinta-feira, 27 de setembro de 2018

Cada um dá o que pode





Cada um dá o que pode
Dá o que quer
Mas quando damos algo
Que seja de boa vontade
Sem segundas intenções
Dar pelo prazer de dar
De ver o contentamento no outro rosto
Altos 
Baixos
Gordos 
Magros
Não importa
Se podemos fazer a diferença
Damos
Mas damos com agrado
Damos o que temos de mais valioso
O  nosso tempo
A nossa atenção
O nosso carinho
Damos só porque sim
Porque podemos
Podemos ser de pedra
Podemos ser de pau
Mas se pudermos ser luz
Então que assim seja
Tocar o  mundo de alguém
Torná-lo mais colorido
Mais musical
Mais divertido
Arrancar um sorriso
Ou aquele suspiro que alivía
Então se for por bem
Que venha com fartura
Que seja uma dádiva sem fim

Carlos Santana

terça-feira, 25 de setembro de 2018

Cheirinho bom





Cheirinho bom
Bom para começar o dia
Dia que se quer intenso
Intenso como este café
Café forte
Forte como nós
Nós que tudo sonhamos
Sonhamos com melhores dias
Dias a dois
Dois seres que se querem
Querem estar juntos
Juntos e de mãos dadas
Dadas, oferecidas, desejadas
Desejadas com todo o nosso querer
Querer imenso
Imenso este sentimento que nos tem unido
Unido de forma pura
Pura como estas sementes
Sementes que são moídas finamente
Finamente entrelaçados
Entrelaçados ou enrolados
Enrolados em lençóis
Lençóis que nos cobrem
Cobrem os nossos corpos
Corpos que se desejam
Desejam de maneira linda
Linda e verdadeira
Verdadeira como esta chávena de café
Café vigoroso
Vigoroso como as nossas intenções
Intenções de um futuro a dois

Carlos Santana

segunda-feira, 24 de setembro de 2018

No xadrez da vida





No xadrez da vida
Somos todos reis
Somos todos raínhas
Mas acima de tudo
Somos todos peões
Incrível certas vontades
Aquelas que têm de nos manusear
De nos quererem jogar
Uma casa de cada vez
Ou saltos de duas
Comer sempre na diagonal
Mas para azar
Somos reis
Donos das nossas vidas
Vamos para onde queremos
Uma casa de cada vez
Um dia de cada vez
Ao lado da nossa raínha
Que corre o tabuleiro inteiro
Em todas as direcções
Só para nos ver
Só para nos proteger
Uma vida sem cinzentos
Só pretos e brancos
Só com certezas
Sem duvidas
Cada dia uma batalha
Com a vitória como meta
E a certeza de que ela acontece
É que a cada novo dia despertamos
Prontos para viver
Prontos para amar

Carlos Santana

sexta-feira, 21 de setembro de 2018

Vida boa





Vida boa
A vida é boa
E é agora aqui deitada
Que me apercebo disso
Olho para o céu
E neste azul imenso
Vejo a minha história
Por tudo o que já passei
Aquilo que ainda me falta passar
Pelas lições que aprendi
Pelas lições que dei
A maior delas
A que sou capaz de tudo
Neste momento de descanso
Vejo um desfile
De quem já passou pela minha vida
De quem partiu
De quem ficou
De quem quer ficar
De quem me faz falta
Vejo a tua cara 
Desenhada nas núvens
Esse teu sorriso
Que me dá vontade de sorrir
Vejo esses lábios
Que tenho vontade de beijar
Agora com calma
Com tranquilidade
Neste campo distante
Vejo o quanto sou desejada
Vejo o quanto sou amada

Carlos Santana

quarta-feira, 19 de setembro de 2018

Noite de paz





Noite de paz
Noite tranquila
Noite de sonhos
A serenidade paira lá fora
Durmo tranquilamente
O sono dos justos
Mas por algum motivo acordo
Algo me fez acordar
Olho para o lado
O leito vazio
Mas do lado oposto 
A minha alegria
Uma luz que pisca
Que avisa uma mensagem
Era a tua mensagem
A tua voz
Que tão bem me faz
Que me fez voltar ao mundo dos sonhos
Mas dos sonhos reais
Dos nossos sonhos
E foi assim que voltei a adormecer
A ouvir a tua voz
Uma e outra vez
E mais outra
Porque não me canso de ti
Porque me fazes bem
E mais uma vez 
Fizeste o sorriso nascer
Do nada
Apenas por te ouvir
Por ter a tua voz na minha cabeça
Por te ter dentro de mim

Carlos Santana

segunda-feira, 17 de setembro de 2018

São momentos assim





São momentos assim
Que não dão para descrever
Em que fechamos os olhos
E apenas sentimos
Imaginamos como seria
Imaginamos o perfume
O bater do coração
E de olhos fechados
Conseguimos ver como é bom
Estar nos braço de alguém
Ser o pensamento de alguém
Ter alguém que se preocupa
É sentir de verdade
É sentimento real
Quase palpável
Porque está já ali
Ao esticar da mão
Ao abrir os olhos
A palavra que brota
Que nos invade a alma
É o querer imaginar
Poder sonhar
E ter a certeza de realizar
Uma noite à distância
Em que mesmo assim estamos perto
Sempre juntos
São estes momentos
Que fazem a vida linda
Que fazem tudo valer apena
Momentos únicos
Momentos eternos
Momentos nossos

Carlos Santana

domingo, 16 de setembro de 2018

Barco encalhado





Barco encalhado
À espera de maré
Barco velho 
À espera de remendo
Barco cinzento
À espera de tinta
E assim passam os dias
E assim passaram os dias
Um barco usado 
Cansado
Já meio acabado
Mas que muito deu
Que muita fome matou
Que muitos mares cruzou
Ainda cá anda
Pronto para mais uma viagem
Para mais uma vaga 
Para mais uma onda
Dêem-me água
Dêem aos remos
Vamos embora
Que velhos são os trapos
E tinta não tapa buracos
Que os sonhos se realizem
Que a pescaria nos dê de comer
E que no regresso
Tenhamos alguém a quem abraçar
A quem agradecer por existir
Barco velho
Mas que ainda muita falta faz

Carlos Santana

sábado, 15 de setembro de 2018

Siga a música





Siga a música
Siga a vida
Que eu quero é bailar
Que eu quero é viver
Venham sons alegres
Sons eternos
Que ficam na mente
Que ficam no corpo
Que não nos deixam ficar quietos
Que não nos deixam parar
Notas soltas
Notas num todo
Tocadas com entusiasmo
Tocadas com alegria
Dedos velhos
Dedos cansados
Mas que não param
Que vivem a vida
Porque ela é cheia disto
De alegria
De felicidade
De tempos
De contratempos
De sonhos
De realidades
De conquistas
Vida sonhada
Vida vivida
Vida Tocada
Vida amada

Carlos Santana

sexta-feira, 14 de setembro de 2018

Ser estranho





Ser estranho 
Ser abstrato
Ser
Não ser
Sou o que sou
Sou o que quero
Porque quero
Feito de carne
Muita carne
Sou pois
Sou o que vêm
Sou o que querem ver
Mas a verdade
É que sou apenas eu
Para mim
Para os que estão comigo
Para os que me conhecem
Por dentro existe muito mais
Porque se por fora já sou grande
Por dentro sou imenso
Não sou para qualquer um
Apenas para quem me quer ver
Para quem quer estar ao meu lado
Complicado
Elaborado
Mas apenas eu
De fácil leitura
Para quem quer ler
Para quem poder perder algum tempo
E apenas aprender
Apenas sentir
Este sou eu
Um ser diferente

Carlos Santana

quinta-feira, 13 de setembro de 2018

Caminhos





Caminhos
Há sempre o mais fácil
O mais difícil
E aquele que não nos leva a lado nenhum
E como em tudo nesta vida
Temos que fazer escolhas
Para ir lado nenhum
Ficamos onde estamos
Sem nos preocuparmos com nada
Por isso o fácil ou o difícil
O fácil é andar por aí
Sem ver
Sem olhar 
Sem sentir
Sem nada que faça valer a pena
Mas o difícil...
Esse torna os momentos inesquecíveis
A estrada de terra batida 
Que dá receio
Mas o caminho é em frente
Sem nunca parar
E pelo meio 
Vimos o nunca antes visto
A fauna
A flora
Tudo
Tudo o que nos vai enchendo os olhos
Que nos preenche a alma
Que nos é gravado no corpo
É isso que tem valor
Que nunca vai ser esquecido
Que vai ficar por todo o sempre
Eternizado na alma 

Carlos Santana

segunda-feira, 10 de setembro de 2018

Não matam





Não matam
Mas moem
Ficamos de boca aberta
Sem saber o que dizer
Ou melhor
Sabemos o que queríamos dizer
Mas preferimos calar
Responder à letra
Nem sempre é a melhor solução
Principalmente para mim
Que tenho o coração na boca
Que não sei calar
Que digo o que penso
Com uma resposta sempre pronta
Mesmo que não seja justo
Mesmo que não seja pensado
São palavras que saem
Que não têm retorno
Então o melhor é calar
Refletir
Esperar que se retratem
Que pensem no erro
Na injustiça
Que caiam em si
Enquanto isso
Isolamento
Um lugar distante
Onde não existem palavras
Apenas sentimentos
Daqueles que não doem
Daqueles que encantam

Carlos Santana

domingo, 9 de setembro de 2018

Palavras atiradas





Palavras atiradas
Palavras gritadas
Palavras que magoam
Palavras que doem
Palavras que matam
Palavras punhais
E depois de ditas
Não há maneira de as retirar
E o que dói
É que o que é dito com raiva
Já foi pensado com calma
A palavra é a nossa maior arma
A que pode fazer mais estragos
A que move multidões
Que nos faz cegar
Quer tenhamos o dom da palavra ou não
Devemos utilizar cada uma delas
Para o bem
Para motivar
Para construir um mundo melhor
Infelizmente não é assim
Preferem magoar
Espetar bem fundo dentro de nós
Dentro da nossa mente
Palavras punhais
Que se não nos matam
Tornam-nos mais fortes
Mais precavidos
Mais atentos
E quem as atira
Deve preparar-se para tudo
Porque quem diz o que quer
Escuta o que não quer

Carlos Santana

sábado, 8 de setembro de 2018

Lutar





Lutar 
Lutador
É o que sou
É o que temos que ser
Sujar as mãos
Escavar a terra com os dedos
Se assim for preciso
Nunca desistir
Criar sulcos
Plantar as nossas flores
Plantar os nossos sentimentos
E deles cuidar
Olhar para trás só por um motivo
Para termos a certeza que já não pertencemos lá
Que o presente é hoje
E é hoje
E é agora
Que estamos vivos
É agora que temos que viver
Que temos que lutar
Que temos que falar
Fazer o que nos faz felizes
Ou pelo menos prepara o caminho
Sem nunca parar
Porque parar é morrer
E na morte não existe alegria
A alegria reside no respirar
Na oportunidade que temos todos os dias
Sempre que acordamos
Sempre que abrimos os olhos
E só por si
Merece um sorriso
Por isso lutar sempre
Desistir nunca

Carlos Santana

sexta-feira, 7 de setembro de 2018

Está aqui





Está aqui
Sempre esteve
Aberta para ti
Esticada para ti
Não cansa
Não esmorece
Acredita
Espera
Faça o tempo que fizer
Venha o que vier
Está aqui
Sempre presente
Para um carinho
Para um mimo
Para dar força
Para te agarrar
Ou simplesmente passear
Uma mão que te quer
Que sente saudades
Mas que não desiste
Que luta
Que continua
Um dia de cada vez
Vivendo o hoje intensamente
Á espera do amanhã 
Dedos esticados para ti
Sempre prontos
Para que nunca os largues
Para que saibas
Que estão aqui por ti
Que estão aqui para ti

Carlos Santana

quinta-feira, 6 de setembro de 2018

E a borrasca cai





E a borrasca cai
Vento com fartura
Água que nunca mais acaba
Acompanhada de inquietações
Acompanhada de tormentos
Mas faz parte
É necessário
Façamos como as aves
Que se encolhem
Que aguentam estoicamente
Asas fechadas
Pescoço encolhido
Porque elas sabem
Que não vai durar muito
Que logo o sol vai aparecer
Mas até lá
Aguentar a chuva forte
Que nos quer levar na corrente
Aguentar o vento 
Que nos quer arrancar do chão
Aquilo que não nos mata
Torna-nos mais fortes
E é verdade
Aprendemos a contar as gotas
A ouvir o cantar do vento
Conseguimos ver a beleza dentro do mau
Tiramos o que de melhor tem
A lição que nos vai acompanhar
Que nos faz cair
E ao mesmo tempo levantar
E quando por fim passar
Podemos sacudir e levantar
Gritar bem alto ao mundo
Eu ainda estou aqui 

Carlos Santana

terça-feira, 4 de setembro de 2018

Quem nos vê





Quem nos vê
Apenas vê uma casca
Pouco sabe do que somos de verdade
Do que nos vai na alma
Nada vê do que somos
Do que temos que ser
As pessoas deixam-se empranhar pelos ouvidos
Pelo que é mais fácil
Pelo que é mais cómodo
Mais fácil acreditar na mentira
Do que tentar saber a verdade
Muitos vivem de aparências
De ilusões
Artistas das iludências
Porque conseguem juntar as duas
Fazem de ti gato sapato
Um joguete no jogo da vida
Estendem-te o tapete
Para um dia o poderem puxar 
Mas tristes dos que pensam isso de mim
Olhem para a minha sombra
E deixem-se andar por lá
Pode ser que aprendam alguma coisa
Porque eu na dúvida pergunto
Sempre o fiz 
Sempre o farei
Não me julguem pela aparência
Porque de certeza que se vão enganar
E como diz o outro
"Ser bom não é sinônimo de ser idiota
Ser bom é uma virtude que alguns idiotas não entendem." 
Por isso não brinquem comigo

Carlos Santana

segunda-feira, 3 de setembro de 2018

E foi assim





E foi assim
Que me deixaste
Que eu fiquei
De pernas para o ar
De dentro para fora
Ou de fora pra dentro
Em que o lado certo 
Passa a ser o errado
E o errado 
Passa a ser o certo
De pernas para o ar
A rir-me que nem um perdido
Porque perdido
Foi como fiquei
E foi preciso perder-me
Para me encontrar
Viraste-me do avesso
E o avesso é o meu lado certo 
Sei que estou bem
Em paz
Sem precisar de nada
Ando de cabeça para baixo
Meio louco
Meio insano
Mas sempre eu
Sem ligar para o que os outros pensam
Para o que os outros dizem
Porque da minha vida
Eu é que sei
E certo ou errado
Sou eu que a vivo

Carlos Santana