domingo, 16 de setembro de 2018

Barco encalhado





Barco encalhado
À espera de maré
Barco velho 
À espera de remendo
Barco cinzento
À espera de tinta
E assim passam os dias
E assim passaram os dias
Um barco usado 
Cansado
Já meio acabado
Mas que muito deu
Que muita fome matou
Que muitos mares cruzou
Ainda cá anda
Pronto para mais uma viagem
Para mais uma vaga 
Para mais uma onda
Dêem-me água
Dêem aos remos
Vamos embora
Que velhos são os trapos
E tinta não tapa buracos
Que os sonhos se realizem
Que a pescaria nos dê de comer
E que no regresso
Tenhamos alguém a quem abraçar
A quem agradecer por existir
Barco velho
Mas que ainda muita falta faz

Carlos Santana

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