Banco de jardim

Banco de jardim

Não é um qualquer

É o nosso banco de jardim

Aquele onde ficas ao meu colo

Onde te beijo

Onde te abraço

Onde falamos

Onde nada dizemos

Porque tudo é possível

E até em silêncio

Trocamos palavras

Alheios a tudo

Alheios a todos

E aqui

No meio de lugar nenhum

Passamos horas

Trocando segredos

Confidências

Falamos de tudo

Falamos de nada

Mas o que realmente importa

É esta cumplicidade

Que nos faz voltar a este velho banco

Onde recordamos momentos

Onde vamos criando novos

Descansamos agora

Para percorrer novos caminhos

Mas enquanto não o fazemos

Fecha os olhos

Beija-me neste velho banco de jardim

Carlos Santana

 

Escuta a música

Escuta a música

Entrega-te a mim

Sem medos nem pudores

Vamos a isto

A sala é nossa

Vamos dançar

Rodopiar

Ficar tontos

Mais do que já somos

Deixar a loucura sair

Mãos que se tocam

Que vão percorrendo o corpo

Mãos fortes que te seguram

Que não te largam

Nem tão pouco te deixam cair

Confia em mim

Deixa o som percorrer-te

Invadir o teu ser

Relaxa

Aconchega-te nos meus braços

Encosta-te a mim

Sente-me

Como eu te sinto a ti

Alegria estampada nos olhos

O ritmo nos pés

Ninguém nos pára

Um frenesim único

Que só quem pode tem

É o desejo no ar

É o fogo no corpo

Carlos Santana

 

Beijo bom

Beijo bom

É aquele intenso

Que deixa marca

Que dá vontade de mais

Que saudades que tenho de um desses

Que me deixa sem ar

De olhos fechados

Abraçado

A apertar

Quero beijo

Quero muitos

De mordiscar os lábios

Beijo de língua

Ficar ofegante

Louco de desejo

Um beijo bom

Que nos faz flutuar

Esquecer tudo

Coração que bate mais forte

Mais depressa

Sangue que ferve

É um beijo desses que preciso

Que já quase esqueci

Quero sentir de novo

O sabor da tua boca

Poder beijar-te

Um beijo bom

Um beijo delicioso

Que marca a pele

Que marca a alma

Carlos Santana

 

Lá fora

Lá fora

Um frio imenso

Daquele que congela até o olhar

Culpa da indiferença

Do tanto faz

Do não é comigo

Mas aqui dentro...

Aqui dentro ferve

Um coração que bate

Bate forte

Cheio de garra

Cheio de vontade

E quando olho lá para fora

A vontade é só uma

Agarrar-me aos trilhos

Percorrê-los a todos

De cabeça erguida

Com um sorriso nos lábios

Não me rendo

Nem baixo os braços

Vou à luta

Mantenho a minha palavra

O frio dos outros 

Não me mete medo

Nem me faz desistir

Só me dá força

De tentar mais uma vez

Um dia de cada vez

Porque o caminho é só um

Em frente...

Carlos Santana

 

Mais um ano que passa

Mais um ano que passa

Que chega ao seu fim

Mais um ano estranho

De pandemia

Confinamentos e afins 

Lutas

Batalhas

Guerras

Tanto se passou

E nós sem nada saber

Abram os olhos

Façam o resto do ano

Aquilo que agora apregoam

Entreguem-se de verdade

Ajudem sem ser para a fotografia

É Natal sim

Mas se o Natal é quando um homem quer

Então devia ser todos os dias

É preciso ser bom todos os dias 

Não só nesta data

Abram os corações

Digam o que vos vai na cabeça

Mas digam sempre

Que hoje estamos aqui

Hoje somos

Hoje queremos

Hoje podemos

Amanhã não sabemos

Vivam o hoje

Boas festas a todos

Carlos Santana

 

Sombras

Sombras

Nem tu o que parece é

Mas certas coisas

Não tem como enganar

O sorriso entre dois seres 

Que se querem bem

Será sempre real

entre quatro paredes

Por trás de uma folha de jornal

A alegria transborda

É palpável

Não só se pode sentir

Como se pode ver

Basta deixar as crianças

Aquelas que moram dentro de nós 

Sair cá para fora

Sem limites nem limitações

Apenas sonhos e desejos

Dar asas à imaginação

Ser raio de luz

Fonte de calor

Motivo de sorriso 

Na vida de alguém

No dia de alguém

Não há nada melhor do que isso

De conseguir fazer o bem

Voltar no tempo

Voltar a ser criança

Sem maldade

Apenas ser de verdade

Carlos Santana

 

Vamos lá

Vamos lá

Uma peça a quatro mãos

Dedilhando notas

De forma intensa 

Decidida

Dedicada

Como se a própria vida

Disso dependesse

Não pode ser meio termo

Ou é ou não é

São sons que nos invadem

Que nos acalma

Que nos deixam a ferver

É a quatro mãos que se toca

Pode ser uma vez

Um momento único

Mas tem que ser majestoso

Inesquecível

De tal forma que se quer sempre mais

Mais uma vez

Mais uma hora

Mais um dia

Sons inebriantes

De dois corpos que se tocam

Em perfeita sintonia

Que vivem a vida

Um dia de cada vez

Com um sorriso nos lábios

Vontade no ser

E muita música na alma

Carlos Santana

 

Amigos

Amigos

Muitos ou poucos

Presentes ou ausentes

Importa é que sejam de verdade

Ergamos os copos

Um brinde a nós

Que em volta desta mesa estamos

Recordamos todos

Os que não conseguiram estar

E os que já partiram

Não somos mais nem menos

Apenas somos

Estamos aqui uns para os outros

Nas horas boas

E nas horas do aperto

Porque são nessas que se vê

Quem realmente é de verdade

Quem está lá quando precisamos

Esses sim

São amigos de verdade

Por isso amigos

Vamos encher os copos

Brindar a esta vida

Que é a única que temos

Brindemos a tudo

Tudo o que nos faz bem

Tudo o que nos faz mais fortes

Copos no ar

Brindemos com emoção

A nós e aos que gostam de nós

Carlos Santana

 

Deitados

Deitados

Não importa onde

Estamos nas nuvens

É o sorriso que brota

A sensação de bem estar

Aquela que não se explica

Que apenas se sente

Dois corpos entrelaçados

Que se protegem

Que se aquecem

Palavras faladas

Confidências trocadas

E entre um beijo e outro

Tudo acontece

Tudo é possível

A imaginação no ar

Que nos leva à loucura

Ou a cometer loucuras

Mas daquelas boas

Que não se contam

Daquelas que se vivem

Na intimidade

Com cumplicidade

Que nos levam aos céus

Podemos tudo

E tudo queremos

E num abraço apertado

Ficamos a saber

Que quanto mais damos

Mais recebemos

Carlos Santana

 

Leve

Leve

Nada mais que isso

Apreciar tudo

A beleza que nos aparece

Que se apresenta diante dos olhos

Ver como o mais simples

Por vezes é o mais belo

Um pôr do sol

A borboleta que pousa

Um sentimento sincero

Uma palavra amiga

Aquele tempo que damos a alguém

Um sorriso

Tudo tão simples

Mas tão bom

Tão necessário

Temos que abrandar

Olhar em volta

Aproveitar o que nos é oferecido

Nem que seja por um momento

É nosso

É intenso

É de verdade

E é isso que falta hoje

Parar um pouco

Respirar fundo

Olhar em volta

Dar valor às pequenas coisas

Antes que façam como a borboleta

E levantem voo

Carlos Santana

 

Longe ou perto

 

Longe ou perto

Não importa

Estamos debaixo do mesmo céu

Com aquela vontade

Aquele desejo intenso

De ter mais um momento

Mais um dia

Mais uma hora

Mais um beijo

Mais um abraço

Porque a verdade é só uma

Apetece sempre mais

Fica sempre aquele sabor a pouco

Resta olhar para cima

Relembrar o que já foi

Imaginar o que está para vir

Ver como o sol brinca com as nuvens

Como tudo mudo

E ver que o que realmente temos

É um momento

Aquele breve instante

Onde tudo acontece

Onde o impossível se torna realidade

Sem cobranças

Leve

Fresco e fofo

Sempre com muita intensidade

Porque é tudo o que temos

Tudo o que somos

Construtores de momentos

Carlos Santana

Cumplicidade

Cumplicidade

Algo tão raro

Aquele bem querer

O estar bem sem nada dizer

Fechar os olhos

Aproveitar o momento

O que nos é oferecido

Num mundo egoísta

Um simples gesto 

Faz a diferença

Aquele abraço apertado

Transforma tudo

Volta a colar o que estava partido

Uma sensação de conforto

Que não dá para descrever

É a alma que sorri

O corpo que aquece

E entre um olhar e um beijo

Renascemos

Somos de novo nós

Com toda a nossa força

Com a alegria que sempre se teve

Tudo fica tão fácil

Tão leve

Tão bom

E de olhos fechados

Um beijo na testa

Um beijo no rosto

Um beijo no nariz

Um sorriso estampado nos lábios

Carlos Santana

 

Mãos dadas

Mão dadas

Beijos que se trocam

Prazer a dois

A noite que cai

E nós aqui

Olhos nos olhos

Sem precisar dizer palavra

Apenas estamos

Apenas somos

Um para o outro

Um momento único

Um momento nosso

Que fica gravado

Que não vai desaparecer

É a entrega total

Desejos proibidos

Que realizamos

Sem que ninguém veja

Sem que ninguém saiba

Corpos enlaçados

Que querem sempre mais

Que gritam por muito mais

As mãos que se apertam

Que mostram que é de verdade

Que está a acontecer

E aqui neste leito

Sem nada termos

Temos tudo

Dei-te a mão

Não larguei

Carlos Santana

 

Primeiro dia

Primeiro dia

Primeiro encontro

Dia de sol

Dia de chuva

Não importa

É a emoção do momento

O mergulhar de cabeça

Arriscar

Abraçar

Beijar

Dançar na chuva

Como dois loucos

Mas loucos são os que nos vêem

Que levam uma vida banal

Não nós

Nós perdemo-nos nos braços do outro

Fechamos os olhos

O beijo tão desejado

Nada mais importa

Só aquele instante

Em que enleados nos entregamos

Sucumbimos à loucura

Ao desejo

O simples toque de pele

Leva-nos mais além

Uma entrega total

Sem medos nem pudores

E se queres sentir o que nunca ninguém sentiu

Tens que ir até onde nunca ninguém foi

Descoberta de almas, sentidos e sabores

Carlos Santana

 

Simplicidade

Simplicidade

Nada mais que isso

São as pequenas coisas

Que nos alegram

Que nos fazem sorrir

Um bom dia ao acordar

Um abraço

Um carinho

Um por do sol

Um passeio à beira mar

Pequenas coisas mesmo

Que no todo são muito

Voltamos a ser crianças

Molhamos os pés

Caímos na areia molhada

Ou até mesmo dentro de um rio

Não importa

Somos felizes

Estamos de bem com a vida

Vivemos o hoje

Com carinho

Ternura

E muita alegria

Agora estou aqui

Abraço-te 

Ergo-te no ar

Rodopiamos até ficar tontos

O amanhã?

Esse não importa

Tonto seria eu se pensasse nele

Carlos Santana

 

Para onde vai?

Para onde vai?

Em que pensa?

Mais um dia

Mais uma viagem

A olhar pela janela

A ver os carros passar

E eu aqui

A pensar no que pensa

No que vai naquela cabeça

No que faz aqueles lábios sorrir

No que alegra os seus dias

Parece frágil

E ao mesmo tempo lutadora

Acompanho-a nesta viagem

Cheio de perguntas

Que talvez nunca tenham resposta

Mas até lá

Apreciar o momento

Que esta vida

É viagem de um só sentido

Rir enquanto podemos

Fazer o que nos faz bem

O que nos faz sentir vivos

Que nos faz o sangue ferver

Aquela força que tanto precisamos

E se der vontade de beijar

Porque não?

Mas antes de mais

Bom dia, como se chama?

Posso sentar-me a seu lado?

Carlos Santana

 

É para a frente que se anda

É para a frente que se anda

É para cima que se pede

O tempo passa

Nada podemos fazer

Apenas aproveitar

Saborear cada momento

Como se fosse o último

Não podemos parar

Ficar imóveis a ver o tempo passar

Ele não espera

E quando damos conta

Já foi

Já passou

Não volta mais

É viver enquanto podemos

Lambuzarmo-nos com a vida

Com o mel com que somos agraciados

Lamber os lábios

Os dedos

As mãos se preciso for

Mas não deixar passar nada

Muito menos por medo

Ou por vergonha

A vida é nossa

O tempo é nosso

E uma coisa engraçada

Quando queremos que ele passe, ele demora

Quando queremos que demore, ele passa

Por isso abreviar o que nos atrasa 

Demorar no que nos dá prazer

Carlos Santana

 

Não sou cordeiro

Não sou cordeiro

Sou lobo

Não sou mau

Mas não sou bom

Sou eu

Com todas as minhas facetas

Aquela pessoa que está do teu lado

Que não desarma

Finco pé 

Não arredo

Tudo depende do que és

Do que me fazes ser

Daquilo que despertas em mim

Podes ter tudo

Ou não ter nada

Cuido dos meus

Com garra e afinco

Daqueles que me são queridos

Perto ou longe, não importa 

Para o bem e para o mal

Bom ouvinte

Sempre presente

Por maus ou bons caminhos

Podem contar comigo

Cuido 

Preocupo-me

Se fizeres por merecê-lo

Tudo depende de como me tratas

Cordeiro não sou... 

Queres o lobo?

Carlos Santana

 

Não digas nada

Não digas nada

Vem em silêncio

E tiro-te o chapéu

Chega de mansinho

Bem de leve

Como uma pluma

A flutuar pelo ar

Sem ninguém dar conta

Sem ninguém reparar

Shhhhh....

Sem barulho

O meu segredo

O nosso segredo

O teu desejo

Os teus quereres

Anda

Sem pressas

Mas sem parar

Com determinação

Gosto de quem sabe o que quer

E tu pareces que sabes

Não te demores

Estou à espera

Quero que me vejas

Quero que me sintas

Da calada da noite

Ao nascer do dia

E se não der por ti a chegar

Tiro o chapéu

Tiro tudo

Carlos Santana

 

Vem

Vem 

Ilumina o meu ser

Desvenda os meus mistérios

Estou aqui

Braços abertos

Espero por ti

Quero um abraço

Daqueles fortes

Bem apertados

Dos que dizem que juntam tudo

Que colam todos os bocadinhos

Quero esse abraço

Que me deixa de novo inteira

Preciso que me leiam

Que me vejam como sou

Não como querem que eu seja

Sou quem aqui se apresenta

Despida de tudo

Quero a tua luz

O teu calor

Quero que me aqueças a alma

Que me envolvas 

Aqui estou eu

Longe de tudo

Á tua espera

Vem 

Não te demores

É agora que preciso

É agora que te quero

Aqui, bem ao meu lado

Carlos Santana