quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

Fumo





Fumo 
Não fumo
Com fumo
Nas nuvens
Confundo
Coração que bate
Bate descompassadamente
Com pressa de viver
Que sabe coisas
Que sente coisas
Coisas que a mente não sabe explicar
Não consegue explicar
Ou simplesmente não quer explicar
Não comunicam entre eles
Devem estar longe
Ou então é do fumo
Daquele cigarro que não fumei
Mas que ainda anda por aí
Deito-me
Respiro
Sinto o cheiro
Mais um bafo
A cinza que me cai nos dedos
Complicado
Embaralhado
Fazer o quê?
Levantar 
Fumar
Parar de fumar
Simplesmente amar

Carlos Santana

quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

Somos todos conchas





Somos todos conchas
Suaves por dentro
Duros por fora
Alguns apenas vazios
Sem qualquer essência
Ficamos duros pelas lições da vida
Daquelas que doem
Que nos batem na pele
Que nos fazem sangrar a alma
Somos estas conchas
Que precisamos de companhia
Que precisamos de mergulhar
Um mergulho no mar
Onde nos isolamos
E ao mesmo tempo
Somos seres completos
Onde vamos criando a nossa pérola
O que temos de mais puro para oferecer
O nosso coração
Esta terra de poucos
Que ainda menos sabem cuidar
É preciso tão pouco
Para que o lado de dentro
Seja sempre maior que a dura casca
Para que nunca deixemos de sentir
Porque isso é viver
Ouvir o som do mar
Numa concha encostada ao ouvido
Saber que foi ela
Que nos acordou
Que nos entregou o seu maior tesouro
E que agora estamos unidos
Um cuidando do outro

Carlos Santana

terça-feira, 29 de janeiro de 2019

Por vezes as forças esgotam-se





Por vezes as  forças esgotam-se
Sem saber muito nem porquê
A corda escapa-se das mãos
Não nos conseguimos agarrar
Ficamos sem chão
Ficamos sem nada
Nem mesmo o que dizer
Somos apanhados de surpresa
Abrimos os olhos
Acordamos do sonho
Dura chamada à realidade
Mas que nos faz pensar
É o nosso sonho
A nossa realidade
Sou dela dono e senhor
Tudo posso
Basta acreditar
Nada de baixar os braços
Voltar a subir
Agarrar a corda 
Ainda com mais força
Para que não escape mais
Só existe o agora
Este momento em que respiramos
Em que podemos fazer a diferença
Em que temos o dom da fala
O dom da escrita
Neste breve momento 
Em que podemos dizer a alguém
O quanto é importante para nós
Tudo o resto é uma ilusão

Carlos Santana

sábado, 26 de janeiro de 2019

Já fui lagarta





Já fui lagarta
Das que andava rente ao chão
Que se alimentava de uma qualquer planta
Daquelas que ninguém ligava
Já me fechei no meu casulo
E por ali fiquei
Sossegado
Isolado
Pensando de mim para comigo
Hoje sou borboleta
Transformei-me
Aprendi com a vida
Mas não sou borboleta frágil
Sou daquelas da teoria do caos
Daquelas que quando batem as asas
Podem mudar as coisas
Com um bater tão forte
Que pode provocar um tornado do outro lado do mundo
Sou o que sou
Voo livre
Ao sabor do vento
Não quero ventos fortes 
Quero que o bater  das minhas asas
Leve o que sinto ao outro lado do Atlântico
Não é sentimento pouco
É daquele que não tem fim
Que não cabe nas asas de uma borboleta
Daquele que é divido por dois
E que quanto mais se divide 
Mais cresce
Mais se quer
Mais se ama

Carlos Santana

sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

Será para rir





Será para rir
Será para chorar
Talvez rir a chorar
Ou chorar de tanto rir
Coincidêndia ou não
Certas coisas que acontecem
Que vão acontecendo
Deixam a sua marca
Para o bem e para o mal
Já aconteceram
São atitudes
Palavras faladas
Palavras escritas
Palavras não ditas
Que abrem um vazio
Que demora a preencher
É o riso do palhaço
Que esconde a lágrima da vida
Que tudo faz para alegrar
Quando o que mais lhe apetecia era chorar
Serenidade no rosto
Consciência tranquila
Sem peso algum
Consciência de quem ama
De quem sabe o que quer
Os dias passam
Passam a correr
Quase não os vemos
Será da lágrima?
Será da gargalhada?
Não, apenas a vida que passa
Com todo o seu calor
Com todo o seu esplendor
Com todo o seu amor

Carlos Santana

quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

Máscaras





Máscaras
Rodeado delas
Para onde me viro
Para onde olho
Já não vejo rostos
Já não vejo nada
Já não sei nada
Roupas vistosas
Vazias de alma
Sem corpo
E sem ser
Apenas estão ali
A ver o que faço
A tentar saber quem sou
Larguem-me
Façam a vossa vida
Que eu faço a minha
Vivo como quero
Como me apetece
Um dia de cada vez
Noites repletas de sonhos
Dias a tentar realizá-los
Porque não desisto
Nem preciso de plateia
Nunca fiz nada para agradar
Sou como sou
Cansado de máscaras
De quem nada me diz
De quem só quer o mal
Cada um com a sua vida
Eu vivo a minha

Carlos Santana

terça-feira, 22 de janeiro de 2019

Cumplicidade





Cumplicidade
Que mais podemos querer
Aqueles momentos únicos
Momentos a dois
Onde impera o respeito
Onde o carinho fez a sua casa
Aquele riso que nasce do nada
Não importa onde estamos
Porque onde estivermos
Estamos bem
Temos feito os nossos dias
Da melhor maneira para nós
Inventamos o que fazer
Inventamos o que falta inventar
E de olhos fechados
Entregamos o nosso destino nas mãos do outro
O que tenho aqui dentro
É algo muito belo
Que me faz sentir bem
Uma força invisível
Que nos faz manter de pé
De querer mais um dia
Que nos faz lutar
Aguentar
E muitas vezes delirar
A imaginação ganha asas
Vemos uma porta a abrir
Sentimos o perfume
A presença
E assim vamos ocupando os nossos dias
Entre o cá e o lá
Vamos vivendo
Vamos amando

Carlos Santana


segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

E com tão pouco





E com tão pouco
Conseguimos fazer tanto
A imaginação que não pára
Que dá vida aos sonhos
E eu sonho mesmo muito
Uma tesoura à mão
Ir fazendo recortes
A desenhar a minha galáxia
Uma chávena de café
Que me mantém acordado
Não pelo efeito que faz
Mas pelo sabor que tem
Aquele sabor forte e intenso
Quase tão bom como a vida
Esta vida que temos
Que é única
E que só a vivemos uma vez
E se assim é, que a vivamos de braços abertos
À espera de tudo
Sem esperar nada
Fazer daquele sonho impossível
A realidade de amanhã
Olhar para este céu sonhado
E querer ir mais além
Ver o que está por cima dele
Saber o que dá sentido a isto tudo
Sonhar mais
Lutar mais
Realizar mais
Mas acima de tudo
Amar muito, mas mesmo muito mais

Carlos Santana

sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

De verdade





De verdade
Puro
Sem meio termo
Nem o frio mais intenso separa
Nada queima
Não há veneno que penetre
Se tu queres
Eu quero ainda mais
E por aí vamos
Um dar tudo
Sem esperar nada em troca
Mas receber muito mais
A beleza de uma rosa
Está nos olhos de quem a vê
Assim como o frio da neve
É de um branco puro
Nada lhe tira o frio
Nem da rosa o perfume
Apenas existem
E são assim para quem gosta
Se a rosa tem espinhos
É para se defender
Para que possa perdurar através dos tempos
Para que o seu perfume se espalhe
Assim como a neve pode ser fofa
E proporcionar horas de alegria
Cada um à sua maneira
Tem muito a oferecer ao outro
Podemos ser duros e com espinhos
Mas somos também fomos e perfumados
Que é assim que sempre fomos um para o outro
Os outros, esses, têm o lado que merecem

Carlos Santana

quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

Mergulha





Mergulha
Com tudo
Sem nada
De cabeça
De pés
De lado
De costas
Como quiseres
Apenas mergulha
Eu vou estar lá
Para te agarrar
Para te tirar de lá
Para te ensinar a nadar
Não importa
Estou a teu lado
Para o que quiseres
Para o que precisares
Vamos
Mergulha
Sem medos
Sem receios
É apenas água
Fonte de vida
Uma fonte eterna
Que nos banha a alma
Que nos lava o espírito
Umas vezes fria
Outras quente
Mas sempre água
Sempre nossa

Carlos Santana

terça-feira, 15 de janeiro de 2019

É mais ou menos assim





É mais ou menos assim
Perto e longe
Sonho e realidade
Uma fusão de corpos
Que se querem
Que se têm
No meio do mar
No meio do monte
No meio da encosta
OU até da escarpa
Não importa
Voamos
Somos livres
Alargamos horizontes
Conquistamos continentes
Somos nós
Juntos
Agarrados
Amados
Que vamos por aí
No meio dos pássaros
No meio das núvens
Focados 
Desfocados
Ontem
Agora
Somos eu e tu
Unidos
Tu e eu
Sempre
Para sempre

Carlos Santana

segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

Senta-te





Senta-te
Vamos falar
Conversar
Mas uma conversa a dois
Não é monólogo
É um diálogo
Que mesmo às escondidas
Precisamos fazer de vez em quando
Olhos nos olhos
Meio na penumbra
Deixar sair o que cá vai dentro
Copo sempre vazio
Para que dure para sempre
Nada de guardar
Nada de acumular
Para que nunca transborde
A menos que seja de alegria
Ou de felicidade
Se forem coisas boas
Que se encha rapidamente
Mas as menos boas
Essas têm mesmo que ser faladas
São coisas que sufocam
Que nos fazem parar
E isso não pode acontecer
Porque a vida não  pára
Se não queremos basta dizer
Mas quando a vontade é muita
E o querer ainda maior
Temos que lutar
Lutar com todas as forças
Para que nunca te esqueças
De quem tão bem te quer

Carlos Santana

domingo, 13 de janeiro de 2019

E neste pequeno barco





E neste pequeno barco
Faço o meu grande mundo
Um mundo de sonhos
Em contacto com tudo
Sem tocar em nada
Um mundo puro
Onde acreditar não dói
Onde tudo se realiza
Podemos descansar
Enrolarmo-nos sobre nós próprios
Pensar 
Sentir
Refletir
E no fim de tudo isto
Acordar com um sorriso
Com aquele bem estar de quem ama
De quem se entrega
De quem tudo dá 
Sem nada esperar em troca
Porque a vida é isto
Entrega
Como as aves que andam no ar
Apenas voam
Sem medo de cair
Voam de barco em barco
De sonho em sonho
E por vezes
Juntam duas almas
Tocam dois seres que andavam naufragados
Mostram-lhes o caminho
Onde podem fazer ninho

Carlos Santana

sábado, 12 de janeiro de 2019

Na escuridão me perco





Na escuridão me perco
Na escuridão me encontro
Caminhos incertos
Cheios de curvas e contracurvas
Mato nas bermas
Que se torna intransponível
Seguimos em frente
No escuro
Ao frio
Com mais ou menos tropeções
Mas não paramos
Estamos prontos para tudo
Até para a besta que nos pode saltar ao caminho
Sem medos
Cabeça erguida
Um passo de cada vez
E aí vamos nós
Consciência tranquila
Leveza no ser
Ligeireza no andar
Somos o que somos
Somos nós
Não somos para agradar
Somos o que vêm
Nem mais
Nem menos
Um cidadão do mundo
Que caminha por aí
Sem medo de nada
À espera de tudo

Carlos Santana

quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

Eles existem





Eles existem
Existem sim
Estão no meio de nós
Andam por aí
Nas mais variadas formas
Prontos para nos ajudar
Para nos dar a mão
Mas nós não os vemos
Por culpa nossa
Por andarmos sempre a correr
Uma correria desmedida
Quer não nos leva a lado nenhum
Temos que parar
Parar para pensar
Parar para olhar
Parar para sentir
Eles estão mesmo aqui
Lado a lado
Mas de tão distraídos
Não vemos nada
De tão ocupados 
Nada sentimos
São a flor que pisamos
O vento que nos sopra
A luz que nos ilumina
O animal que nos faz parar
São a pessoa que nos escuta
Por isso temos que parar
Prestar atenção
Agarrar o nosso anjo
E contar com ele
Dar-lhe atenção
Para que possamos viver a vida

Carlos Santana

quarta-feira, 9 de janeiro de 2019

Caminho traçado





Caminho traçado
Caminhada sem fim
Ladeados de árvores
Que nos protegem dos ventos
Que nos dão a sombra
Que tão bem nos sabe
Nos dias de sol intenso
Em que os seus raios parecem facas
Que cortam
Que espetam
Que queimam
Mas não paramos
Debaixo de frondosas copas prosseguímos
Sem medo
Com sonhos
Alguns já realizados
Mas sempre sem desistir
De alcançar o mais almejado de todos
Caminhar a teu lado
Sempre
De mãos dadas
Uma partilha contínua
Do bom
Mas acima de tudo 
Do menos bom
Porque são nesses que mais precisamos
De ter alguém que nos ouça
Que apenas esteja presente
Porque a caminhada 
Será sempre mais fácil a dois
E o peso dividído não custa nada

Carlos Santana

terça-feira, 8 de janeiro de 2019

Neve





Neve
Gelo
Um frio que se sente na pele
Aquele olhar gelado
Indiferente
Que tudo diz
Sem nada dizer
Mas os trilhos estão feitos
Duas linhas perpendiculares
Que caminham lado a lado
Como dois amantes de mãos dadas
Que seguem lado a lado
Não param
Trocam olhares
Quem sabe uns beijos
Mas eles ali vão
Sempre em frente
Apesar do frio
Não param
Acreditam
Têm esperança
De que lá mais há frente
Encontrem um abrigo
Onde se possam aquecer
Onde se possam abraçar
Mas até lá chegar
O branco como companhia
Puro e belo
A perder-se da vista
Que nos dá alento
Que nos faz continuar

Carlos Santana

segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

Tudo tão simples





Tudo tão simples
Naqueles tempos idos
Em que tábuas pregadas
Juntamente com uns rolamentos
Faziam carros de fórmula 1
Foi o primeiro contacto com a velocidade
Aquele sorriso que nascia
Sempre de forma simples
Sempre pronto
Corridas ribanceira abaixo
Por vezes joelhos esfolados
Mãos arranhadas
Sapatos estragados
Havia direito a prémio e tudo
Tempos que já não voltam
Mas que ainda os sentimos
Porque a criança ainda existe em mim
Nunca a deixei morrer
Talvez por isso pense diferente
Sinta diferente
Queira as coisas de outra maneira
Há maneira antiga
Dar bom dia
Dar boa noite
Andar de mão dada
Oferecer um rebuçado
Dar aquele beijo às escondidas
Meio de fugida
Mas que sabiam tão bem
É isso que gosto
Simplicidade
Reciprocidade
E aquela liberdade
De amar e ser amado

Carlos Santana

sexta-feira, 4 de janeiro de 2019

Pois é





Pois é
Desenganem-se
Posso parecer o capuchinho
Mas não sou
Sou caçadora
Sou guerreira
Sou o lobo
Até mesmo raposa
Sou tudo o que sou
Sou tudo o que quero
Apenas porque quero
Apenas porque posso
Menina decidida
Com o destino no olhar
Porque o destino
Somos nós que decidimos
Com as nossas escolhas
Com as nossas atitudes
E aqui vou eu
No meio do carreiro
Toda alegre e contente
Saltitando ao longo do percurso
Cheirando uma flor aqui
Outra ali
E se pela frente me salta um lobo
Pobre coitado
Passa a fazer parte do passado
Porque tudo o que não me faz bem
É isso mesmo passado
Comigo só levo o machado
Com que vou talhando o meu futuro

Carlos Santana

quinta-feira, 3 de janeiro de 2019

Já temos o saber





Já temos o saber
Os andamentos
De uma obra que se quer sem fim
Uma obra que é escrita todos os dias
Que com o virar da página
Aproveitamos para começar com garra
Com sentimento
Com o aprendizado de outros tempos
A sabedoria que se vai enraizando
Que nos faz tocar por instinto
Fechamos os olhos
Damos voz ao nosso interior
Deixamos que fale
Que se expresse
Da melhor maneira que sabe
Escrevendo notas sonoras
Notas que soam
Notas que tocam
Notas que vivem
Notas que amam
Mas acima de tudo
Notas que sentem
Notas que querem
Notas que tudo fazem
Para que tudo resulte
Para que tudo dê certo
Para que nunca se calem
Notas eternas
Notas puras
Notas de uma obra linda
Uma obra chamada "Amor"

Carlos Santana

terça-feira, 1 de janeiro de 2019

Bora lá a isto





Bora lá a isto
Que já deixei o velho para trás
Vai ser o primeiro dia
O primeiro de muitos
Que vão passar depressa
Talvez alguns mais devagar
Vai depender do ponto de vista
Mas nada me vai parar
Prego a fundo
Punho trancado
E lá vamos nós
Mais um ano
Mais uma voltinha
Com um sorriso nos lábios
Com aquela garra imensa
De que só quem sonha
Sabe como é
Realizar tudo
Desejar tudo
Lutar por esta vida
Que é tão nossa
Que é tão curta
Vamos em frente
Roda no ar
A cortar o vento
A cortar as más línguas
Não paramos
Queremos ser felizes
Queremos lá chegar
Queremos amar

Carlos Santana