domingo, 1 de novembro de 2020

Escrevo

Escrevo
Vou escrevendo
Porque o sentimento
Não se esgota
Não se gasta
Está aqui
Sempre presente
Por isso escrevo
Aqui sentado
Dedilhando uma velha máquina
Quase tão antiga como eu
Porque eu não sou deste tempo
Sou de tempos idos
De tempos que ainda não chegaram
Mas que ao mesmo tempo já partiram
Escrevo pois
Com gosto
Com sabor
Aquele sabor
Que só os teus lábios têm
E que saborosos que são
Fecho os olhos e sinto-te
Os meus dedos sobre as teclas gastas
Não preciso de ver
Porque sinto-te
Sinto o teu cheiro
Sinto a tua suave pele
Sinto o teu sorriso
Escrevo-te
Descrevo-te
Uma palavra de cada vez
Um dia de cada vez

Carlos Santana